Modernidade
Capitulo 13
"Modernidade"
Sobre a semântica dos conceitos de
movimento na modernidade
Os acontecimentos históricos não são possíveis
sem atos de linguagem, e as experiências que adquirimos a partir deles não
podem ser transmitidas sem uma linguagem.
·
mediação da linguagem.
·
linguagem e história permanecem dependentes
uma da outra, mas nunca chegam a coincidir inteiramente
·
Sempre existe uma dupla diferença: a diferença
entre uma história em curso e sua possível tradução lingüística, e a diferença
entre uma história que já passou e sua reprodução por meio da linguagem.
Determinar estas diferenças é também uma produção lingüística, que é parte
integrante da atividade do historiador.
·
toda história é algo diferente do que sua
articulação linguística consegue nos transmitir
·
linguagem histórica
·
Pois as condições e os fatores
extra-lingüísticos que entram na composição da história só podem ser
apreendidos por meio da linguagem.
·
Mas são necessárias para explicar o
significado dos conceitos históricos dos quais vamos falar
·
realizações linguísticas:
·
Os
conceitos históricos, sobretudo os políticos e sociais, foram cunhados para
apreender os elementos e as forças da história.
·
análise semântica dos conceitos de movimento
típicos dos tempos modernos:
o
Conceito de tempos modernos (nos oferecc algo mais do que simplesmente uma maneira formal de
distinguir entre um período histórico e os períodos anteriores. Indicaria o
conceito de modernidade algo como um novo tempo?)
o Conceito de movimento da história ( temporalização.) :
o
Conceitos de ação política e social (a partir
de conceitos gerais de movimento)
Critérios
semânticos e pragmáticos que caracterizam especificamente a época moderna a
partir de, mais ou menos, 1800. ( restrição de escopo -> espaço da língua e
da experiência germânicas.)
·
"Época contemporânea" [neue Zeit] e "tempos
modernos" [NeuzeitJ na teoria da história e na historiografia
o
A partir
do século XVIII, a historiografia fala cada vez mais de uma "época
contemporânea". O conceito de "tempos modernos", ou
"modernidade" [Neuzeit], segundo o dicionário de Grimm, só é
documentado a partir de 1870, em Freiligrath.
o Um período qualquer só pode ser reduzido a um denominador
diacrónico comum, a um conceito que enfeixe estruturas comuns, depois de
decorrido certo tempo.
o
Conceito de modernidade (especial). Pois não
existe evidência lingüística para que a expressão "época moderna"
[neue Zeit], ou mesmo "tempo moderno" [Neuzeit], deva designar um
período de tempo fixo, a não ser que seja lido à luz do que se chamou o fim da
modernidade.
o A expressão apenas qualifica o tempo como novo, sem informar sobre
o conteúdo histórico desse tempo ou desse período.
o Em oposição o tempo "velho" [alte Zeit],
o
característico da "modernidade",
existem cada vez mais tentativas de classificar as épocas pela estrutura
organizativa espiritual, política, social ou econômica.
o
tríade Antigüidade-Idade Média-Modernidade,()
o palavra tempo [die Zeit}
-> COMPOSICAO palavra "Neuzeit"
["modernidade"], ... Idade Média [Mittelalter],
Antigüidade [Altertum],
o expressão
tempo moderno:
o Cellarius,
em 1685, a dividir a história universal "in Antiquam et Medii Aevi ac
Novam" [em Antiga e da Idade Média e Nova]
o
história universal: (Ranke nega a divisão
tradicional da tríade...)
o Os dois conceitos de ligação com os tempos médios — Renascimento e
Reforma
o
Ranascimento: quebra dos tempos
Medievais. (arte e literatura) – Iluminismo
o
Reforma : Conceito de Tempo – Reforma de Lutero...
Reforma da Igreja: A Reforma transformou-se em porta de passagem para a nova
história.
o
A descoberta de um novo tempo é, pelo
contrário, um processo de longo prazo, que se estende pelos séculos seguintes e
cujos traços se tornam claros com a progressiva consolidação de "Idade
Média", depois de "Renascimento" e, finalmente, de
"Reforma" como conceitos que descrevem períodos.
o Tempo Moderno: Esta expressão pode significar ou a simples constatação de que o
"agora" é novo, de que o tempo atual se opõe ao tempo passado, seja
qual for a profundidade desse passado. Neste sentido se forjou a expressão
" modernus\ que desde então não perdeu o significado de "atual".
o
inteiramente diferente?? melhor, do que o
tempo anterior??
o Então o novo tempo indica
novas experiências que jamais haviam sido experimentadas dessa maneira,
ganhando uma dimensão que confere ao novo um caráter de época
o
novo frente à Idade Média.
o
historiografia aditiva: que de
acontecimento em acontecimento registra
o o que aparece como novo, as periodizações não remetem à novidade do
tempo em que o escritor se encontra.
o
ad nostram
usque aetatem [até a nossa idade]
o
Toda história é uma crónica, porque acontece
no tempo], disse Alsted;
o
Enquanto os impérios envelhecem, a história
permanece eternamente jovem." (BODIN)
o
Chladenius, em meados do século XVIII, lançou
as bases do modelo hermenêutico de uma historiografia que com o decorrer do
tempo sempre volta a ser reescrita
o
velhas histórias: nenhuma testemunha ocular, ou auricular
direta...
o Dividir assim a história em três eras que continuam móveis, divisão
que nunca está, concluída — do ponto de vista formal ela é sempre igual a si
mesma —, já destaca as condições temporais do conhecimento histórico.
o
O
avanço das ciências, que prometiam e anunciavam sempre mais descobertas no
futuro, assim como a descoberta do Novo Mundo e de seus povos, repercutiram, de
início lentamente, ajudando a criar a consciência de uma história universal,
que como um todo estaria entrando em um novo tempo
o história linguística: primeiro conceito a receber o epíteto de
moderno foi a História [ Historie, história "como tal"], depois a história [Gescliichtc], e por último o
próprio tempo.
o
"história nova" [neue Geschiehte]:
o dicionário de Zedler, que registra o termo "ovo tempo", permanece
no âmbito dessa interpretação tradicional: "Tempo (novo), lat. tempiis
novum, 011 modernum,
quando com este termo se entende o mesmo que
tempo atual 011 presente."
o O conceito de "tempo moderno"
o [Neuzeit] já se delineia, mas não está
ainda bem definido, e o "novo tempo"
o [Neue Zeit] ainda continua fixado na
tradição historiográfica
o
constatação lexicológica
o
século XVIII o "novo tempo" foi
introduzido como conceito de periodização, em oposição à Idade Média.
o
história contemporânea [neueste Geschichte], que já
implica ahistória moderna \ neue
Geschichte].
o Büsch, em 1775 -> "segundo o tempo", em história
antiga, média e "nova, até os nossos tempos, em cujo período ainda podemos distinguir a história contemporânea,
compreendendo o tempo da última geração, ou deste século".
o Separar o tempo contemporâneo e o tempo
moderno parece-lhe prematuro;
o fazer esta divisão pode ser uma questão
para os historiadores do século
o XX, não para os d o primeiro quartel do
século XIX; da mesma forma,
o durante a Reforma teria sido
inconveniente fazer c om que o n o v o tempo se iniciasse c om ela
o
Heeren contribuição consistiu história da
recepção futura: (exigência de que
decorresse um tempo mínimo antes de adotar o conceito significou uma renúncia à
ênfase na própria época.
o
Revolução Francesa.`
o
distinção entre "novo tempo", ou
"tempo moderno" [ncue Zeit], e "tempo contemporâneo" [neueste
Zeit] entrava agora em fase de crescente reflexão sobre
o tempo histórico.QUAIS?? Só com certas restrições o emprego historiográfico de
"tempo moderno " serve para caracterizar a experiência de um tempo
especificamente novo.
o
Assim, em um segundo passo nós nos
interrogaremos sobre outros conceitos e sobre as reflexões temporais que neles
se incorporaram. O "tempo moderno" se faz anunciar em muitos
contextos e em um semnúmero de passagens.
AV: II. Critérios históricos da
teniporalização
o Desde a segunda metade do século XVI11 se acumulam indícios que
apontam enfaticamente para o conceito de um novo tempo. O tempo passa a ser não
apenas a forma em que todas as histórias se desenrolam;
o Historia em si ( CAMPE)
o
Critérios de Temporalização
§
primeiro lugar os sacada — os séculos, Jalirluaidcrtc, como desde o século
XVII pôde-se dizer em alemão — adquirem um significado histórico próprio. (
século do iluminismo, Seculo LUIS XIV...)
§
história adquiriu uma estrutura temporal
própria.
§
Moveimentos, durações e prazos: o padrão do
progresso, segundo o qual toda a história pôde ser interpretada
universalmente.No horizonte do progresso, a simultaneidade do não-simultâneo
passa a ser a experiência básica de toda a história
§
MARX (história exigia desde a Revolução
Francesa: explicações segundo critérios temporais, colocadas sob a alternativa
de progredir ou conservar, recuperar o tempo ou torná-lo mais lento.)
§
teoria da perspectiva histórica subjetiva -
enunciados históricos temporais
o
todas as representações históricas dependem
das escolhas feitas pelo autor, escolhas que não podem deixar de ser feitas,
pois ele se move os acontecimentos perderam seu caráter histórico estável, que
até então havia sido fixado nos anais.
o
julgamento perspectivista e a história efetiva
demonstrável, adquiriram força retroativa?
A história é temporalizada, no sentido de que, graças ao correr do tempo, a cada hoje, e com o crescente distanciamento, ela se modifica também no passado, ou melhor, se revela em sua verdade. A "modernidade" [Neuzeit] confere ao passado como um todo uma qualidade de história universal. Com isso, a novidade de uma história que, cada vez que se produz, pensa em si mesma como nova reivindica um direito sempre crescente sobre o conjunto da história.
A história é temporalizada, no sentido de que, graças ao correr do tempo, a cada hoje, e com o crescente distanciamento, ela se modifica também no passado, ou melhor, se revela em sua verdade. A "modernidade" [Neuzeit] confere ao passado como um todo uma qualidade de história universal. Com isso, a novidade de uma história que, cada vez que se produz, pensa em si mesma como nova reivindica um direito sempre crescente sobre o conjunto da história.
o
história universal, precisa ser continuamente
reescrita.
o
próprio tempo não ser mais experimentado
apenas como fim ou como começo, mas como um tempo de transição. É certamente aí
que, de início, a recepção alemã da Revolução Francesa se diferencia da
experiência dos que dela participaram diretamente e que sublinharam, antes de tudo,
o caráter de recomeço absoluto.
o
Revolução Industrial
o
nova experiência da transição
§
a diferença de qualidade que se espera para o
futuro,
§
a mudança dos ritmos temporais da experiência:
§
a maior rapidez com que o tempo presente se
diferencia do passado
§
produz prazos cada vez mais breves.
§
"O que antes marchava passo a passo,
agora vai a galope",
§
Épocas e contemporâneos, quando bem
entendidos, são uma coisa só", constatava Arndt.
§
a história dos eventos do dia-a-dia perdeu sua
dignidade metodológica.
o
história "real" só se manifesta
depois de um certo período de tempo: graças à crítica histórica cia se
apresenta de forma inteiramente diferente daquela que os contemporâneos conseguiram enxergar.
o
Diesterweg atribuiu "ao ser temporal
chamado homem " o s limites de sua capacidade para diagnosticar o
presente.
o
No
"processo de transformação atual" em que "tudo é
provisório", respondeu-lhe um profissional, não era possível exigir-se
dele que escrevesse a história até o presente. Mais ainda: o desconhecimento do
futuro impediria o verdadeiro conhecimento do passado. Por isso, a planejada
história dos Estados tinha o "duplo defeito de referir-se a algo
provisório, que não é perfeitamente conhecido".
o
A teoria da perspectiva histórica legitima a
mudança do conhecimento histórico, ao atribuir â seqüência cronológica uma
função criadora de conhecimento. Graças à sua temporalização, as verdades
históricas passam a ser verdades superiores. ???
o
Por último abre-se o fosso entre a experiência
anterior e a expectativa do que há de vir, cresce a diferença entre passado e
futuro, de modo que a época que se vive é experimentada como um tempo cie
ruptura e transição, em que continuamente aparecem coisas novas e inesperadas.
o
A experiência fundamental do movimento, da
mudança em direção a m futuro aberto, foi compartilhada por todos, só tendo
ocorrido disputa sobre o ritmo e sobre a direção a seguir. Esta disputa, de
início restrita apenas aos que tinham poder de decisão política, se ampliou
como conseqüência das subversões sociais, terminando por provocar a decisão
o
de cada um, com a formação de partidos. Desde
então o tempo históri
·
·
III. A
dimensão pragmática dos conceitos de movimento
o
Clausewitz: "tempo" é uma daquelas
palavras-chave das quais "mais se abusa neste mundo". conceito de
tempo e ao que ele era capaz de oferecer.
o
O "tempo" exerceu influência sobre o
conjunto da linguagem, e pelo menos a partir da Revolução Francesa deu colorido
a todo o vocabulário político e social.
o
O tempo passou a ser um título de legitimação utilizável para todos os fins.
o
Os Ismos.... Kant (1) república "republicanismo" -
constituição vigente - divisão de poderes; Schlegel "democratismo" - fim a toda
dependência e dominação; "liberalismo", "socialismo" e o
"comunismo", (reivindicar para si a gênese do futuro).
o
vida política e social
o
A temporalizarão, portanto, não apenas
transformou velhos conceitos políticos, como ajudou também a criar novos, todos
encontrando seu denominador temporal comum no sufixo "ismo".
o
Ponto em comum: basearem-se parcialmente na
experiencia .
o
Compensação temporal: expectativa
que depositam no tempo que está por vir está em proporção inversa à experiência
que lhes falta.
o
caleidoscópio
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